Machado de Assis: Um Escritor de Mil Faces
Uma iconografia apresentando 39 fotos das várias fases da vida e da morte de Machado de Assis.

Na campanha intitulada Machado de Assis Real criada pela Faculdade Zumbi dos Palmares e lançada há poucas semanas na internet, enfatizou-se, como principal objetivo, reparar-se “um erro na iconografia” do maior dos escritores brasileiros, Machado de Assis (1839-1908). Negro, Machado foi, registra o texto da campanha, mas “Sua foto oficial, reproduzida até hoje, muda a cor da sua pele, distorce seus traços e rejeita sua verdadeira origem. Machado de Assis foi embranquecido para ser reconhecido”.
O mesmo acontece, intencionalmente ou não, com outros escritores históricos, pardos ou negros, como Olavo Bilac, Gonçalves Dias, João do Rio, José do Patrocínio, Coelho Neto, entre outros. Não apenas com os escritores, devemos frisar.
Para que os leitores do Hiperliteratura possam tirar suas próprias conclusões, publicamos hoje uma extensa iconografia de Machado de Assis, composta por 38 fotos (e mais uma).
Uma iconografia machadiana
Das 39 fotos aqui apresentadas, mostrando Machado de Assis em várias de suas fases, 37 foram organizadas no excelente artigo de Felipe Pereira Rissato intitulado Iconografia fotográfica de Machado de Assis, publicado na Revista Brasileira, 89, da Academia Brasileira de Letras.
Acrescentei mais duas: uma descoberta recente em uma revista argentina e uma rara foto do velório de Machado de Assis, no Silogeu Brasileiro, antiga sede da Academia Brasileira de Letras, em setembro de 1908.
Machado de Assis foi um homem atento às tecnologias do seu tempo, às modernidades por que passava o Brasil e o mundo. O interesse pela imagem de Machado de Assis, e não somente por sua obra, foi contemporâneo ao escritor ao longo de toda a vida, sendo o seu rosto inúmeras vezes estampado em litografias e caricaturas.
Sua primeira fotografia, porém, foi publicada apenas em 1884, exibindo-o já maduro, aos 45 anos, capturado pelas lentes de Marc Ferrez. Entretanto, desde 1864, a fotografia já encantava o jovem escritor, servindo de tema em crônicas publicadas no Diário do Rio de Janeiro. Não por acaso, datam desse ano, muito provavelmente, os primeiros registros fotográficos conhecidos do escritor, tomados pelo fotógrafo Insley Pacheco. Na época, Machado tinha 25 anos de idade.
Em tempo…
A propósito, quero registrar que a Revista Brasileira, da Academia Brasileira de Letras, é uma das nossas principais fontes de informação para editarmos a coleção Clássicos Hiperliteratura. Nessa mesma revista, eu publiquei, na edição especial do centenário de morte do ‘Bruxo do Cosme Velho’, o artigo Machado de Assis, o enxadrista. Todo o conteúdo da revista está disponível, gratuitamente, no site da Academia Brasileira de Letras.






































Um ‘falso Machado de Assis’

Felipe Pereira Rissato informa, no iconografia publicada pela Revista Brasileira, que Malta, porém, escrevia nos negativos de forma que os dados ficassem visíveis na imagem, não em seu verso, e jamais mencionaria “Av. Rio Branco” já que a Av. Central só passou a ter esse nome em 1912. Mais um detalhe: já viúvo de Carolina, Machado dificilmente sairia em companhia de outra mulher.